terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sou feliz com Jesus, meu Senhor

Dia 16 de agosto... São cinco meses já. Hoje eu não quero lágrimas, não quero tristeza...
Se eu não conseguir ser feliz com Jesus, com quem poderei fazê-lo? Já nasceu um novo dia... Posso levantar e viver. Descobri o sorriso de Deus e encontrei motivos pro meu. Afinal, há razões para comemorar... Uma das pessoas que mais amo comemora a vida nesse dia. Justamente o João Neto... Sim, aquele que me deu a pior notícia da minha vida. A boa notícia é que, dessa vez, o amor que sinto por ele vai salvar o dia.
Papai do céu fez algo lindo em meu coração durante a ministração do Fernandinho, no dia 09 de agosto. Em seu último CD, ele gravou uma música linda... “Sou feliz com Jesus, meu Senhor”. A impressão que eu tinha ao ouvi-la era a de que o compositor a criou no auge de sua realização pessoal e em meio à felicidade plena. Me enganei.
Fernandinho contou que o compositor da música teve inspiração para escrevê-la após o naufrágio do navio no qual estavam sua esposa e seus filhos. Após momentos de desespero, em busca de notícias sobre a família, o tal homem conseguiu falar com a esposa. Ao ouvir a voz da amada, o coração dele se aquietou. Até certo momento. Após uma longa pausa, a mulher disse: “eu estou bem, porém sozinha”.
Sim, os filhos, todos eles, haviam morrido no desastre. No auge da dor, quando a alma chorava e faltava ar, o pai de família pegou papel e caneta e conseguiu rabiscar algo...
“Sou feliz com Jesus, meu Senhor”.
No processo de gravação do CD no qual consta a música em questão, Fernandinho recebeu uma notícia triste. Sua irmã, de 34 anos, estava com câncer em estado terminal. Pouco tempo depois ela partiu pra eternidade e lá estava ele repetindo a canção do compositor ferido, porém confiante: “Sou feliz com Jesus, meu Senhor”.
E hoje, a Muriele, há cinco meses sem o pai, a despeito da dor e das dúvidas, abre o coração e sinceramente canta: “Sou feliz com Jesus, meu Senhor”.
                                                                                           
P.s.: O texto abaixo é de um autor desconhecido (pelo menos por mim) e me foi enviado pela minha amiga Claudinha em uma das minhas crises.

Menina, não chore

"Pois somos feitos como poema por Deus, criados em Cristo Jesus para as boas obras, que Deus mesmo nos preparou de antemão para andarmos nelas" (Efésios 2.10).


Cale-se. Hoje eu não quero o dia. Nem as cores, nem a escuridão. Quero ausência do externo. E é tão imenso o desejo da paz que me roubaram que
eu preciso desabafar os gritos de silêncio que me transbordam a alma.
Nem abraços, nem amores, nem um beijo delicado e muito menos um calafrio fogoso.
Não desejo sorrisos, nem lágrimas, nem longas conversas ou segredos desvendados. Eu não quero nada.
Me deixe derramar versos para o nada que persigo hoje, sem razão traçada, sem sentido preciso.
Não quero compreensão nem dúvidas. Cale-se, por favor.
Eu preciso de pelo menos um minuto de poesia pura, de música branda.  De Deus. Preciso de mim, por mim mesma.
Não chore, menina.
Não quero ver as lágrimas no teu rosto tão pueril. Foste criada rocha, foste criada amor. Só não chores... Ainda que doa a alma, que os pés se cansem, que tudo na volta seja escuro d sem paz. Lembre que o coração é criança arisca, serelepe, ingênua. Não o culpes por causar tanta dor, mas entenda que ele é dado a acessos infantis. Apenas acalme a euforia de tua alma, e não deixe as luzes desviarem teu foco.
Tempos atrás eras menina entregue a sorrisos, entre as bonecas dos sonhos, entre as cirandas da infância. Agora, sentes a lágrima rasgar a face, explodir o peito, inflamar os olhos. Nem sequer perdeste a pureza de teu castelo, e já o vês ruir. A vida te puxou pela mão, cirandeando o amor com teu vestido florido sem nem mesmo arrancar a boneca de tuas mãos.
Não chore, menina. Não haverá festas daqui por diante. O bolo enfeitado, o colorido da sala, todos eles fugiram durante teu crescer. Percebas que o mundo já não é mais o teu mundo, e o vento que sopra já não apenas te embala... Ele agora é contrário, ele agora é dor. A chuva, tua amiga de rodopios, tornou-se tempestade, e o sol, teu cavalheiro, agora queima teu chão.
Foste vítima da astúcia do coração. Creste no vão, na fábula. Agora vês que ele é laço sem volta, roubou tuas sandálias, rasgou teus desenhos, calou tuas canções...
Porém, não chores. O coração nunca cresce, é sempre o mesmo. Passa-se o tempo e ele cai nas mesmas ilusões. Cabe a ti, menina crescida, dominar a criança que palpita em teu peito. Não o sacies sempre, ou ele te seduzirá. Não o escutes ainda, ou te fará sentar e com ele projetar cidades. Entenda que ele é sonhador por natureza, é insensato, é vulnerável.
Sei o quanto é complicado calçar o amor quando ainda se tem pés tão pequenos. Por isso te dou minha mão, para que te apóies no teu andar e firme teus passos sem tombos. E creia que existe alguém capaz de sarar as tuas lágrimas.
Ainda que os brigadeiros cessem, há um mundo novo esperando teu colorir. Pegue o papel e escreva um novo caminho, desenhe novas paisagens, sonhe uma nova canção. Entregue teu coração para Aquele que o fez, e Este o acalmará.
E de todas as tempestades que ainda virão, terás paz.
Não chores, menina. Agora és moça, és mulher. Ainda que a dor persista, é preciso levantar. Desabroche o sorriso em meio à dor. Pois estes sorrisos (aqueles dados na tristeza) costumam ser os mais verdadeiros.
Exale o perfume de tua nova existência, cresça as cores de tua alma. Entregue as lágrimas e deixe o coração acalmar. Ele grita, mas depois se aquieta. Todo mundo já chorou por amor, bem-vinda.
“Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos” (Provérbios 23.26).



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Querido Papai do Céu...

Na impossibilidade de escrever uma carta e enviá-la ao meu pai, por conhecer a Palavra de Deus e saber que não existe método algum através do qual a comunicação entre mortos e vivos seja possível, decidi recorrer ao inventor do coração. Ninguém é tão bom quanto Ele no tocante à compreensão. Ele me entende e, acredito eu, considera válida essa minha forma de expressão. Porque meus sentimentos são válidos... Tudo bem se eu chorar. Mas não é o quero fazer agora. Quero apenas sorrir... Quero cantar o amor de Deus, que quebrou o encanto dos meus desencantos.

Querido Papai do Céu...
Chegou o dia que eu tanto temi... 14 de agosto. Mas não estou escrevendo pra falar sobre minha dor, ou sobre o quanto tem sido difícil lidar com a ausência do meu pai.
Na verdade, quero apenas contar algumas coisas sobre mim... Detalhes bobos mesmo, sabe. Pela fé, sei que meu pai está aí com o Senhor, no descanso. Então, se não for pedir muito, gostaria que dissesse pra ele que estou bem. Nada de deixá-lo triste, por favor. É bom que ele saiba que estou conseguindo...
Desde o dia 16 de março, quando ele se atrasou na volta pra casa e, na verdade acabou chegando mais cedo que o esperado no lar eterno, muitas coisas aconteceram. Diz pra ele que minha mãe vendeu a sorveteria e se mudou pra Rio Verde, com a Lorraininha. Fala que estamos juntas agora e que todo o trabalho que era dele está sendo desempenhado por mim. Fala que eu levo a Lorraininha pra escola e que pra ela isso é um alívio, já que ele dirigia tão vagarosamente e ela considerava um tédio andar com ele. Conta que agora eu mesma calibro os pneus do carro. No início me pareceu muito estranho, mas agora até já me acostumei com os dedos sujos de graxa. Diz que levo minha mãe no supermercado e fico atenta quanto ao vencimento das contas de casa. A propósito, fala sobre nossa nova casa. Diz que é uma gracinha, apesar da estranha sensação de estar faltando alguém.
Não se esqueça de mencionar o nascimento do Otávio (diz “Tiãozim que ele vai se lembrar). O Otávio nasceu no dia 15 de abril, portanto está hoje com quatro meses. É a coisa mais linda do mundo. Branquélo e gorducho, dos olhos verdes. Conta que me responsabilizei em dar de presente a “butina” e o canivete que ele prometeu pro sobrinho e que não vamos permitir que ele torne-se um play boy... Vai ser “pião”, assim como ele esperava. Aaaah, a Évellyn agora é noiva do Pebas, o que significa que ela abandonou definitivamente o “Flavim”. A Vânia tem um rancho muito legal. Conta pra ele que lá tem um riozinho lindo e fogão à lenha. A Lucielle continua solteira, assim como eu.
Sim, tranqüilize-o dizendo que eu ainda sou a encalhada máster da família. Explica que conheci alguns mocinhos e que até me apaixonei, mas, como sempre, não tive coragem nem de começar um relacionamento. Aposto que ele vai rir quando disser isso e que vai dizer: “também, feia desse tanto, quem vai querer?” Tudo bem, sei que no fundo ele acha um máximo eu nunca ter namorado e que sempre fez questão de contar isso pra todo mundo.
Diz pra ele que eu tô cuidando bem da Lorraininha, inclusive sou muito mais severa que ele. Conta que vendemos a biz, porque não permito que ela dirija aqui em Rio Verde. Até tô deixando que ela fique sem internet por um tempo, como castigo (é que ela anda muito mal criada, sabe. Mas não conta isso pra ele, senão vai ficar nervoso). Conta que o Preto se mudou pra Rio Verde também, mas que ele e a Lorraininha não se vêem nunca. De qualquer forma, tô de olho! Fala que minha mãe deu a “relíquia” pro pai dele, e a DT... Bem, da DT eu não sei. Na verdade, não quero saber. Ela não me traz boas lembranças, sabe...
Tem uma coisa chata acontecendo e acho melhor nem contar pra ele... É que ele havia emprestado dinheiro a juros pra tanta gente e as pessoas não respeitam a situação, sabe. Não querem pagar o que devem, desconsiderando o fato de que ele pegou o dinheiro que conseguiu honestamente, trabalhando durante tanto tempo, e cedeu para ajudar os outros, visando um retorno para que pudesse investir nos estudos da Lorrane.  Mas eu vou fazer o que for preciso pra pagar a faculdade dela e vê-la formada, como ele tanto sonhou.
Falando em formatura, conta sobre a minha... Diz que já passei pela primeira banca da monografia e que agora tenho outra, antes da defesa final, que será em novembro. No meio do ano que vem, ele enfim terá a tal da “filha jornalista”. Agora sim, de verdade. Diz que, depois de cinco meses com os sonhos adormecidos, eu decidi que quero mesmo fazer uma pós em Psicologia e que ainda pretendo estudar no IBAD, não sei quando, nem como.
Sobre o tal do “Carlim”, é melhor não dizer nada. Ele não prestou nenhuma solidariedade à nossa família e grita aos quatro cantos que a DT estava sem farolete e que por isso não a viu... Eu sei que isso não é verdade, então é melhor não aborrecer meu pai com essa história, porque ele cuidava tanto daquela moto que vai ficar muito chateado ao ouvir isso. Papai do Céu, tô contando só pro Senhor, viu... O “Carlim” não apareceu nem pra dizer que sente muito e isso me machuca demais. Não o culpamos, claro. Mas gostaríamos que ele se sensibilizasse com o que estamos passando e, no mínimo, parasse de propagar inverdades e se colocar como vítima.
Tudo bem, vamos mudar de assunto. Outra coisa que não quero que diga, pra evitar que ele sofra... A Nick teve um filhotinho e ele foi adotado pelo Flávio. Até aí tudo bem. Mas ele morreu há poucos dias, sabe (acho que ele sentiria a perda como se fosse um neto, então é melhor não tocar no assunto). Pode falar a parte que a Nick tá dodói, mas que está sendo muito bem cuidada e que vai fazer uma cirurgia em breve. A propósito, ela está morando com a tia Ana (o etêzinho do brejo). A Corujinha e o Mudinho ficaram com o seu João. Conta pra ele como o Mudinho tá engraçado, todo sujo, porque agora vive solto, sem disciplina.
Ele vai gostar de saber que não tomo mais açaí (pelo menos até outubro). Se ele não se lembrar do que se trata, diga que é aquela “coisa preta que parece barro”. Ele ficava indignado pelo fato de eu gostar tanto daquele “trem esquisito”.
Dê a ele notícias sobre toda a nossa família. Estão todos bem. O tio Chico voltou pra Goiás e sente muito a falta do amigo Xingu. Aliás, todos sentem. E sentem muito, verdadeiramente. Enfim, manda um abraço em nome da prole, por favor. Falando em prole... Nós vamos pra praia em novembro... Lamento tão profundamente por ele não ter realizado o sonho de conhecer o mar... Diz pra ele que eu vou pra Gramado também. Já que nunca deu certo de ir junto com ele pra Cascavel, agora vou conhecer sozinha o sul do país. Mencione o quanto estou feliz com isso.
Acho que por enquanto é só, Papai do Céu. A qualquer momento escrevo novamente, pra te deixar a par do que está acontecendo na minha vida. Antes de finalizar, quero muito te agradecer por tudo... Principalmente por ter assumido integral paternidade com relação a mim. Obrigada por me fazer sorrir de novo, pela esperança que voltou, pelo amanhecer colorido que vejo agora, pelo amor que não morre e pela sua constante companhia, que me traz segurança e certeza de dias melhores. Eu te amo, Papai do Céu. Te espero paciente e ansiosamente. Não tão ansiosa a ponto de perder a paciência, nem tão paciente a ponto de perder a esperança. Obrigada por ter entendido meus momentos e por ter me aceito exatamente como eu estava... Dilacerada, sem esperança, sem vontade de viver. Obrigada por ter acreditado em mim e por ter esperado o tempo certo para então começar a perfeita restauração na minha vida. Ainda não entendo algumas coisas... Mas aceito tudo quanto o Senhor planejou pra mim. Feliz dia dos Pais!
Quero que diga ao meu pai que também desejo feliz dia dos pais pra ele e que queria muito poder abraçá-lo até a saudade passar. Fala que li na Bíblia que ele me deu no Natal de 2009 que “é preciosa aos olhos do Senhor a morte dos Seus” e que isso acalma meu coração. Mas não explica porque, tá bem? Creio que ele nem sabe o que aconteceu e pode se entristecer ao saber que partiu e causou tanta dor nas pessoas que mais ama. E por falar na Bíblia que ele me deu, diz que o Otávio vai entrar com ela no meu casamento. Pede pra ele ficar tranqüilo, porque o Amigo vai me levar ao altar.


Um beijo nos meus dois Pais, que agora estão mais juntos do que nunca.
Com tão profundo amor...
Muriele.