terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Notícias do meu filho Lukas no céu (by Caio Fábio)

No dia 11 de janeiro, quando meu pai completaria seus 44 anos, recebi o texto abaixo, de uma amiga linda que muito tem me abençoado. Obrigada, Loo! :')






É sempre estranho imaginar que um filho seu já viveu mais que você, o pai. É assim que me sinto acerca do Lukas, meu filhote, e que hoje faria 30 anos de idade se ainda andasse por este planeta; ou seja: neste pobre tempo/ espaço/ 2012.
Sim, porque ele não viveu em nada mais do que eu, tendo partido deste mundo aos 22 anos de idade; e, portanto, há oito anos —; embora, pelo fato de ter atravessado a morte, de imediato já tenha vivido infinitamente mais do que eu viveria em bilhões de anos de existência planetária.
E mais: já amadureceu mais do que eu; sendo meu preceptor em outra dimensão; tendo se tornado infinitamente mais maduro do que eu; e muito mais do que isto: conhecendo tudo o que eu nem suponho como seja conhecer.
Assim, em Cristo, pela morte — que virou porta dimensional apenas —, seu filho se torna seu pai, seu irmão mais velho, seu superior na dimensão espiritual, seu antecessor no espírito, sua testemunha de fé na Assembléia dos Primogênitos arrolados nos céus, em glória!
Eu estou aqui em baixo; vivendo as ambiguidades e ambivalências deste existir; ainda tangido pelas forças banais da vaidade que acontece debaixo do sol. Ele, porém, transcendeu a tudo isto; e, em Cristo, já sabe, já conheceu e já provou o que eu mesmo não tenho nem como alcançar imaginar.
Aqui estou mais velho oito anos, e, no coração, até mais ainda [...]; isto também pelo choque da doce partida dele. Sim, fiquei mais velho do que sou; mais idoso; mais forjado em uma forma de dor que me era desconhecida.
Ele, porém, está eternizado; está celestializado; está plenificado como a plenitude possa ser antes da ressurreição do corpo... Sim, ele não passou ainda pela ressurreição do corpo, embora já esteja ressuscitado, conforme a promessa que diz: “Aquele que crê em mim, ainda que morra [no corpo], viverá; e todo aquele que vive [no tempo/ corpo] e crê em mim, não morrerá eternamente”. E isto foi dito de modo precedido pela declaração: “Eu Sou a Ressurreição e a Vida.”
Portanto, em tal contexto, a ressurreição do corpo — e que de fato acontecerá — passa a ser algo de natureza escatológica/ pedagógica; posto que estar-já-sendo em Cristo na eternidade seja a consumação antecipada de todas as coisas.
O Lukas atemporal e eternizado na celestialidade não é meu filho; é meu irmão; é meu [...] sem que me pertença; assim como eu sou dele, sem que, todavia, lhe pertença. Quando eu o encontrar, nos fundiremos em um amor que não vale tentar descrever a fim de não empobrecer; mas sei que não será nada como os afetos marcados pelo pertencimento animal determinam. Será algo como abraçar em Jesus; algo como se interpenetrar no amor absoluto; sem palavras; sem “lembra?”; sem “e como estão?”; sem temporalidade alguma; embora tudo seja dito sem perguntas e sem questões; sim, tudo seja pra além do aqui... E do aquém!
Ele já está lá; já sabe como é de fato tudo o que eu pobremente apenas cogito... Sim! Meu filho já é! Eu ainda estou sendo e tentando ser! Entre [] tanto — [sim; entre o tempo e a eternidade] —, como é bom saber que meu filho já passou; já entrou; já conhece; já é; já alcançou!
Este é meu maior galardão como pai: ter um filho que me precedeu na ressurreição dos mortos; ainda que a ressurreição do corpo não tenha acontecido na história como fenômeno coletivo —; embora, também na história, a ressurreição de Jesus já seja a Escatologia Realizada de todas as ressurreições.
NELE, em QUEM meu filho não sente mais saudades de nada e nem de ninguém [...] —, eu completo pela fé a minha felicidade de amor verdadeiro, que se alegra com os que se alegram, inclusive com a cogitação da alegria eterna da ressurreição na qual meu Luk-Luk já entrou.

Caio Fábio (10 de janeiro de 2012, Copacabana – RJ).

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