segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A vida tem a cor que a gente pinta

Preciso que acreditem em mim! Eu não faço de propósito... Não escolho escrever apenas quando se aproxima o dia 16, mas devo dizer que é involuntário. Quando estou feliz e saltitante, tenho muitas formas de expressar essas emoções. Ao contrário disso, quando estou triste, encontro nas palavras uma eficiente ferramenta de canalização da dor. Portanto, permitam-me? Obrigada.
Esse dia 16 é um tanto diferente dos demais. Novas perspectivas pintam um quadro no qual constam também esperança de dias melhores e fé em um futuro desenhado por Deus, embora a saudade insista em entrar em cena, mesmo que camuflada logo aí, atrás daquela mistura de cores. Consegue ver? Talvez não perceba porque não perdeu alguém tão importante quanto a pessoa que perdi. Mas, caso se interesse em saber, a tinta fresca, mesmo que tão competente no tocante ao seu dever de colorir, não pode ofuscar a ausência de uma pessoa amada. Acontece que, na pior das hipóteses, aprendi que a vida tem a cor que a gente pinta. Então, meus caros, se tenho cor-de-rosa, verde, amarelo, azul, lilás e vermelho nas mãos, não posso ser omissa a ponto de inutilizar tão vivas cores e substituí-las pelo cinza e o preto.
Pincel e tintas felizes em mãos, vejam só o que consegui fazer!
Primeiro tenho que falar da fidelidade de Deus, mais uma vez demonstrada a mim na ocasião da minha terceira banca de PREX (Projeto Experimental, que equivale à monografia). Como Papai do céu nunca conseguiu entender o significado da palavra “impossível” (acho que é muito complexo pra Ele imaginar a possibilidade de não conseguir fazer algo), Ele foi lá e fez. Fez o quê? O melhor, o mais lindo, o mais agradável, o mais perfeito, que se traduz em Sua vontade. Eu e meu grupo saímos da faculdade maravilhados. Confesso que não fiquei surpresa... Porque sei em QUEM confio. Sei o Deus que Ele é pra mim e que não decepciona aos que nEle confiam.
Enquanto eu comemorava, mâmis se divertia lá no Mato Grosso, visitando nossos amados familiares. Com ela e a Vânia, o marinheiro de primeira (de muitas que virão) viagem, minha mais linda bênção de olhos verdes, Otávio. Minha mãe estava mesmo precisando dessa viagem, assim como eu estava precisando da minha...
Sim, eu tirei uns dias de folga! Por incrível que pareça, dois anos e sete meses depois (com exceção de alguns dias quando fui ao casamento da Lu), decidi me afastar de todos os meus empregos e demais responsabilidades, mesmo que por pouco tempo, pra fazer a viagem dos meus sonhos.
Adivinhem! GRA-MA-DO foi o destino escolhido. Na verdade (percebam o quanto Deus é lindo), nem fui eu que fiz tal escolha. Foi uma surpresa! “Muriele, organize uma viagem pra Gramado. Sei que é seu sonho e você está mesmo precisando”. CLARO! Era meu sonho e, de fato, eu já não suportava a pressão de tudo e todos. Mais surpresa ainda eu fiquei ao saber que a Claudinha queria ir comigo. Quando penso no sacrifício que ela fez, agradeço a Deus por tê-la como amiga. Não é fácil ir àquela cidade linda, ver tanta gente bonita, sentir frio e tomar chocolate quente! Brincadeiras à parte, sei o quanto isso custou a ela... Deixar o Lindeza sozinho já diz tudo. Minha eterna gratidão à minha pequena Minnie.
Nem precisava dizer, mas eu faço questão! GRAMADO É A COISA MAIS LINDA DO MUNDO! É meu sonho de consumo... Inclusive é um lugar propício à minha felicidade, já que tem uma igreja, um cinema, um jornal, Papai Noel o ano inteiro, frio predominante, chocolate quente e gaúchos que dispensam comentários.
Vivi dias incríveis lá. Dias esses que jamais serão esquecidos. Eu agradeci a Deus por cada momento que Ele me proporcionou ali, tão perto dos meus mais lindos sonhos, em nítido contraste com os dias maus que passara aqui. Era o fôlego do qual eu precisava, o estímulo para mais algumas milhas de caminhada. Eu voltei renovada e feliz, crendo que essa história de Rio Grande do Sul não podia acabar assim. Confesso que, por alguns motivos específicos, um pedaço do meu coração ficou lá. Nada mais justo que voltar para buscá-lo, ou deixar o restante com a parte que não quis vir.
Nessa viagem aprendi lições que vou levar pra vida toda... Através de um livro que a Claudinha comprou só pra me emprestar, verdades bíblicas foram reativadas na minha memória. Lembrei-me que o caminho de volta pra casa passa pelo deserto; não o contorna nem nega sua existência. Deus chega trazendo consolo aos exilados, exatamente onde a vida deles está mais árida e difícil, e o sentimento de perda, mais profundo. O exílio desértico da dor e da perda traz consigo uma sensação de deslocamento, culpa, falta de lar, desespero quanto ao futuro e incerteza sobre como continuar vivendo. É comum procurar nos afastar dessa dor torturante ou tomar o caminho mais fácil. Mas a dor não diminui por nossa negação ou fuga. O deserto deve ser, e será, cruzado. Lembrei-me que devo confiar em Deus e ter a certeza de que Ele está comigo no deserto. Lembrei-me que devo esperar.
Curiosamente, porém, eu avanço enquanto espero. Porque esperar no Senhor não significa recostar-se passivamente, mas tem a ver com uma atitude de ávida esperança concentrada no próprio Senhor. Esperar nEle significa abraçar de novo a vida, tendo sido capacitada por Ele mesmo pra isso. Quando confio no Seu amor, ocorre uma troca milagrosa... A Sua força entra no lugar da minha fraqueza. Quer voando, correndo ou caminhando, pela graça de Deus, avanço a qualquer passo e em qualquer caminho que o Senhor me dirigir com sabedoria. Afinal de contas, não posso me entristecer como aqueles que não têm esperança. No entanto, sei que tenho o direito de chorar, porque o próprio Jesus o fez.
Lembrei-me que, quando somos afligidos pela tristeza e perda, dependemos de Deus para a libertação e o redescobrimento de direção para prosseguirmos com esperança e propósito. Essas verdades marcam, de forma redentora, a vida de quem sobreviveu para testemunhar e também a vida de quem cujos ouvidos permaneceram abertos na tentativa de aprender com experiências alheias. Lembrei-me também que Deus estende Sua mão para proteger especialmente os que não podem se defender, ou seja, os símplices (sim, PJ, Renato, Lindeza e Claudinha, eu descobri o significado de “símplices”; e não é o plural de “simples”, viu) que foram derribados pelos duros golpes da vida. Aqueles cuja fé de criança os ensinou a serem humildes reconhecem que são fracos e indefesos e se voltam confiantemente a Deus. Posso dizer que isso aconteceu comigo. Ao confiar no que Papai do céu estava fazendo, sem tentar persuadi-Lo (mesmo sabendo que não teria sucesso) a agir de acordo com o que eu esperava, me derramei em Sua presença. E, querem saber? Ninguém sai da presença de Deus vazio, exceto os que já estão cheios de si.
Na volta pra casa, trouxe na bagagem um quadro lindo com a imagem colorida de Gramado. As cores eu levei na mala, porque eu sou a única responsável pelo que faço da minha vida e pelo tom que dou a ela.
E por falar em quadro, estou terminando um lindo. Nesse estou caprichando especialmente, já que trabalho nele há um ano... Chama-se Morada Gospel. Mas calma! O fato de estar terminando-o não representa seu fim. Nele eu vou dar retoques uma vez por semana (aos domingos, pra ser mais específica), até que a obra seja concluída e devolvida a Deus, que me deu. Mas esse é assunto para um novo post. Quem vai dar presente nesse aniversário de um aninho do MG? Quem? Quem? A mamãe dele (eu, no caso) está de braços abertos pra receber as congratulações. Marquem na agenda! É dia 17 de outubro (um dia depois do dia 16)!