sábado, 23 de abril de 2011

Noites traiçoeiras

Ontem eu tive uma noite muito difícil, daquelas tão sombrias que parecem fazer com o que o amanhecer não chegue nunca.
Em momentos assim, não há palavra, abraço ou presença para fazer com que eu me sinta melhor. Mas ontem, em especial, uma frase dita pelo Robson muito me marcou... "Preciso ser forte, para honrar a Cristo". Não por mim, não pelo meu pai e nem mesmo pela minha mãe (por mais que eu esteja fazendo o meu melhor para mantê-la bem). Por Cristo. Simples assim. Para honrar o Seu nome e ver Sua glória refletida em mim.
Aliás, algumas atitudes de amigos têm deixado marcas eternas no meu coração. Outro dia, ao folhear a Revista Dia-a-dia Mulher, me deparei com o quadro "Vida em análise". "Tem uma surpresa pra você aqui, Murizinha"... A Lidi me disse com aquele olhar que me transmite tanta confiança.
Trata-se de um quadro em que leitores enviam perguntas para serem respondidas por uma psicóloga. A Lidi, sendo repórter da revista em questão, fez um questionamento alusivo ao que estou passando.
Lidizinha, muito obrigada por me entender. Obrigada pelo seu silêncio em momentos necessários e pelas palavras oportunas. Obrigada por não ter me deixado desistir da faculdade e por fazer com que as coisas pareçam mais fáceis. Eu amo você e preciso da sua companhia pra seguir em frente.


Revista Dia-a-dia Mulher - abril de 2011, página 36:

Ultimamente faleceu um ente querido de uma de minhas melhores amigas. Por conta do acontecido, ela está querendo deixar de fazer tudo que fazia antes, trabalho, estudo e amizades. Só tem ficado trancada. O que posso fazer para ajudá-la a sair dessa?
Primeiramente, é importante não tentar distrair sua amiga, tentando fazer de conta ou fingir que nada aconteceu. Não se deve falar para ser forte e que não é para chorar. Pergunte se deseja que você fique com ela, dê um abraço, ofereça-se para consolá-la, mas sem dizer "foi melhor assim" ou "ele estava sofrendo", ou ainda "ele está em um bom lugar". Perder alguém nunca é legal, nunca será melhor e o que sua amiga mais precisa nesse momento é expressar seus sentimentos, suas emoções, sua dor, seja chorando, seja precisando ficar um tempo sozinha. Às vezes, o silêncio de um amigo pode valer mais do que muitas outras palavras ou atitudes. Cada pessoa tem o seu tempo para elaborar o luto. Para algumas, pode ser mais rápido, para outras pode demorar mais. Cada um pode ter as mais diversas e inesperadas reações, e nesse momento é fundamental ter paciência para entender sua amiga. Fique por perto e ofereça ajuda, mas sem forçar nada, querendo que ela saia de casa logo. Com o tempo ela irá retomar aos poucos suas atividades, e se isso não acontecer, é importante buscar a ajuda de um profissional.


Enfim...
Ontem eu pensei que não suportaria a dor. Mas, como prova das misericórdias de Deus, que se renovam todas as manhãs, estou aqui de novo, com o coração um pouco mais calmo.
Eu aprendi que quanto mais escura estiver a noite, mais próximo está o amanhecer. Aprendi também que não há noite escura o suficiente para nos esconder dos olhos dAquele que tudo vê.
"Ainda se vier noites traiçoeiras e se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo".



sexta-feira, 22 de abril de 2011

Há um dia maior...

Pensando sobre a brevidade de nossos dias na Terra, recorri à Bíblia para manter viva na memória a esperança da eternidade no Céu.
“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Romanos 8:18).
Quando lá chegar, após dar um abraço de séculos em Jesus, pretendo pedir a Ele para que me leve até o meu pai e o apresente a mim, com seu novo nome, que com certeza será lindo. Não imagino como vou reagir ao vê-lo, já que na nossa morada eterna as lágrimas não mais existirão, nem mesmo as de alegria. Só sei que a sinceridade do meu sorriso será devolvida e que a tristeza deixada pela ausência dele será apenas um passado distante e esquecido para sempre.
Há um dia maior, em que toda a angústia que nesse momento me tira o ar será dissipada de uma vez por todas. Um dia maior... Grande dia... O dia da volta do Rei.
 
"Sem choro, sem dor ou mágoa, sem sofrimentos... Você me segura agora"...
 
 
 

terça-feira, 19 de abril de 2011

A última Páscoa

A Lidizinhaminhavida já havia me alertado sobre algo que possivelmente aconteceria...
"Irmã, no primeiro ano tudo é mais difícil. Primeiro aniversário, primeiro dia dos pais"...
Eu começo a me certificar de que ela estava certa, pra variar. "O que eu falo vira lei, Murizinha".
Eis que chega a primeira Páscoa, mas vou me ater à última e me lembrar dela por todos os dias da minha vida.

- Sua mãe tá saindo pra comprar ovo de Páscoa, mas eu disse pra ela que você não gosta mais dessas coisas, porque já é 'moça'. Se preferir, posso te dar o dinheiro, daí você compra o que quiser...
- NAAAAAÃO! Eu quero o ovo mesmo. Pode comprar!
- kkkkkkkk Então tá bão, vou comprar. Branco, né?
- É, chocolate branco, PELAMORDEDEUS.

Minutos depois...

- Não tinha chocolate branco. Pode ser o dinheiro mesmo?
- Ai, meu Deus. Não, dinheiro não. Compra qualquer coisa então... Caixa de bombom, bis, não importa...
- kkkkkk Então tá bão. Depois não reclama!

Tutututututu...

Eu daria TUDO pra ouvi-lo novamente em uma ligação...
Nenhum ovo de Páscoa do mundo terá o mesmo sabor, o mesmo significado.
Quanta saudade, quanta dor, quanta vontade de abraçá-lo de novo e de novo e de novo.
E o "Feliz Páscoa" parece soar falso, sem o entusiasmo de antes...
O que me consola é a verdade camuflada mercadologicamente por trás dos ovos e do coelho...
Jesus morreu na cruz, mas ressuscitou. Isso mesmo... Ele nasceu de novo! E estará conosco todos os dias, até a consumação dos séculos.



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Eles têm uma grandiosa história de amor pra contar




Há quase três anos conheci uma garota incrível, que viria a ser uma das minhas melhores amigas. Inicialmente, ela me pareceu um tanto anormal, me chamando de "Elinha" e agindo de maneira suspeita. Em pouco temnpo consquistou minha confiança e pá... Já estava na "roda que requer valor".
Vivemos muitas coisas juntas. Ela, inconformada por eu chorar tanto e eu, frustrada por vê-la tão apaixonada pelo Heliel. Isso porque eu não conseguia admirá-lo, nem sequer nutrir por ele qualquer sentimento no mínimo louvável. Mas a convivência me fez ver o quanto ele é uma pessoa bacana e, o que é melhor, faz minha amiga tão feliz. Então ele tornou-se o "Lindeza sem fim", um grande amigo, que me respeita e que é respeitado por mim.
O fato é que os dois, Claudinha e Heliel, dirão "sim" e receberão a bênção pastoral e divina amanhã.
Eu deveria estar muito feliz... Mas o sentimento de alegria pelos meus amigos divide espaço com a dor causada pela falta do meu pai. Justamente amanhã... Quando completa um mês que estamos sem ele. Eu queria riscar do calendário todos os dias 16 do ano...
A propósito, serei florista do casamento, eu e a Thalita, irmã da Claudinha. A Tha dispensa comentários. Ela tem me feito um bem indizível nos últimos dias e, quando me vê triste, pergunta com uma carinha que me corta o coração: "quer que eu prepare alguma coisa de sabor crocante, pra você não ficar 'tliste', prima"?
Enfim, muito obrigada família Turozzi por ter me adotado. O seu Cláudio já disse que agora eu também sou filha dele...
Parabéns, Claudinha e Heliel. "Porque vocês dois têm uma grandiosa história de amor pra contar".


Nasceu a esperança!





Se fosse menina, deveria se chamar Esperança. Já que é um garoto, por que não dar a ele o nome de Consolo?
Sim, o Otávio nasceu. Sim, praticamente um mês após o meu pai ter partido para a eternidade. Sim, um pouquinho mais e ele teria conhecido o sobrinho que tanto esperou.
O nome Otávio vem do latim e era assim que os antigos romanos costumavam chamar o oitavo filho. A tradição romana dizia que a criança assim denominada sentia-se reinando quando rodeada pela família, assumindo qualquer responsabilidade, bem como resolvendo todos os problemas e se envolvendo emocionalmente com todas as situações.
Evidentemente, eu não acredito em coincidências...
O Otávio fará com que reine em nossos corações a esperança de dias melhores, por mais improvável que isso pareça. Ele, com certeza, assumirá a responsabilidade de ser um grande homem, oferecendo proteção à mãe, à avó e à tia. Ele, na pior das hipóteses, será usado por Deus para nos solucionar. Sim, solucionar a nós, pessoas, já que nosso problema não pode ser resolvido. Ele já está envolvido emocionalmente no momento difícil pelo qual estamos passando e, mesmo sendo ainda tão pequeno, é bênção para nossas vidas.
Eu vou presenteá-lo com a "butininha" e o "canivetim", que foram promessas do meu pai durante os nove meses de gestação da Lucielle. Não tenho competência para ensiná-lo a ser "pião", como meu pai tanto queria, mas posso conseguir alguém para fazê-lo. Eu vou abraçá-lo com tanta força e dar a ele todo o amor que há em mim. Sei que meu pai faria isso.
Otávio, seja bem-vindo à sua nova casa. Sinto muito por não poder conhecer seu tio Xingu... E, quando crescer, pergunte ao Geraldo Neto como foi tê-lo como avô.




     

terça-feira, 12 de abril de 2011

Como viver a vida, se não tenho motivo melhor?

Eu precisava tanto (grifo meu) de você aqui comigo, pois não posso ver além se você não está por perto.
Sem a sua direção tudo fica sem razão, não dá.
Como viver a vida, se não tenho motivo melhor?
Como faz sentido a noite, se não há esperança no amanhecer?
Viver só faz sentido se você está sempre comigo...
Eu me sentia mais forte quando estava com você, e não há nada, nada, nada, nada melhor que sua presença pra mim.
Eu precisava de você aqui...




Ouça o choro dos anjos...

"Óh, olhe para os céus.
Ouça o choro dos anjos...
Cantando 'santo é o Senhor'.
E Sua glória aparece como a luz do sol...
Era após era Ele brilha".
 
Essa é, sem dúvida, minha música preferida.
Inúmeras experiências já tive com Deus ao ouvi-la... A mais marcante delas aconteceu no dia 27 de janeiro de 2010 quando, literalmente, o Senhor mudou a minha história, a partir de uma cena vivenciada aos cinco anos de idade, cena esta que até então me causava muita dor. Aliás, 2010 foi o ano da minha cura interior...
E aproveitando para responder aos ouvintes, "His glory appears" é a trilha do momento de reflexão no Morada Gospel.
Em uma das minhas crises (pela ausência do meu pai), me tranquei no quarto e ouvi essa música repetidas vezes, até não conseguir mais chorar. A dor não passou... Mas me senti acalentada por Deus. Isso é tudo.



 




segunda-feira, 11 de abril de 2011

Acho que ele não vem...

 
                                         
Me machuca o silêncio impenetrável que sucede um comentário sobre as peripécias dele...
Me dói ter que reformular as frases e colocar os verbos no passado quando me refiro a ele. "Gostava", não mais "gosta". "Fazia", não "faz" mais nada.
Ainda não me acostumei com a idéia de perda...
Quando ouço o barulho do portão, corro pra tirar o pijama curto que ele tanto detestava.
Quando vejo um copo sujo de café fora lo lugar, resmungo baixinho que ele fez bagunça de novo...
Saudade de preencher cheques, agendar telefones e enviar mensagens pra ele. Saudade de ouvi-lo assoviar ou cantarolar o trecho de uma música qualquer. Saudade das risadas, das piadas, das "mentiras" hilárias que ele inventava pra nos divertir. Sinto falta até de dar satisfação sobre o horário de chegar em casa...
Ele não sabia articular as frases e tropeçava com freqüência na conjugação verbal e nos termos pluralizados, mas honrou cada palavra que proferiu.
Leigo em muitas áreas, tornou-se Doutor em outras. Realizou procedimentos cirúrgicos de grande complexidade e prestou atendimento a vários pacientes. O diagnóstico era sempre o mesmo: "precisa internar, porque é doido".
Sempre que olho pra "relíquia", o imagino dobrando a esquina com ela. Mas dessa vez ele está demorando demais pra chegar...
Xiii... Acho que ele não vem. Eu só queria abraçá-lo até a dor passar.


E os dias vão passando...

"Hoje tá doendo demais"...
E eu me pergunto se em toda a minha vida, daqui pra frente, haverá um só dia em que a dor não agirá de forma tão avassaladora.
A minha casa nunca mais será a mesma... Acho que as pessoas não têm noção do que significa isso.
Eu respeito a dor de todo mundo e sei que cada um tem o seu tempo. Mas daqui a pouco, se isso ainda não aconteceu, ninguém vai se lembrar mais do fato de uma família ter ficado menor.
Os amigos (que não são poucos), os conhecidos, vizinhos, familiares... Enfim, todos se lembrarão dos bons momentos, das piadas, das histórias... E nós (pai, irmãos, esposa, filhas, sobrinhos)?
Nós ficaremos, pelo resto de nossas vidas, com a parte mais difícil. Nós vamos sentir vontade de gritar e sentiremos a dor sufocando nossa alma. Nós vamos chorar, chorar, chorar e ter que aceitar os fatos como eles são. Nós vamos ver as fotos e as roupas dele todos os dias e pensar: quanto tempo ainda temos que esperar pra vê-lo novamente? Nós vamos esperar uma ligação, que nunca mais receberemos. Nós vamos querer ouvi-lo cantar "é na sola da bota, é na parrrrma da mão" ou "nada mudooou, nada mudoooôu" (nunca descobri que música é essa), e teremos que nos contentar com a voz dele nos vídeos, sem vida, sem nada. Nós vamos comer suan, "péia" e costela e não poderemos oferecer pra ele...

A sinceridade do meu sorriso foi roubada. As noites de sono já não são as mesmas. Os projetos? Que projetos? ...
Eu durmo pensando nele e acordo do mesmo jeito. Meu Deus... Eu preciso acreditar que sou forte o suficiente pra passar por isso.
Eu tô cansada de ouvir suposições ("Deus o levou por isso e por aquilo", "eu acho", "acredito que", blá blá blá). CHEGA. Sei que há um propósito para todas as coisas. Sei que Papai do céu não comete erros. Eu sei...

Mas sei também que ele não vai me levar ao altar no dia do meu casamento e que não poderá me aplaudir na minha formatura. Ele dizia pra todo mundo que tinha uma filha jornalista... E é por isso que vou até o fim.

O silêncio da menina que gritava

"CALABOCAMURIELE"...
"O lapela da Muri deve ser colocado no pé"...
"O amor dessa menina deixa ematomas nos meus braços"...
"Ah, não fica assim. Pelo menos você sabe gritar"...

Eu sou aquela que dava escândalo ao encontrar os amigos, que apertava as pessoas e as sufocava com meus abraços felísticos. Apaixonada pela vida, pela família, pelo curso, pelo trabalho, por Deus e pelos amigos. Eu sonhava em terminar a faculdade, fazer pós em Psicologia aplicada à Comunicação em Curitiba e Teologia no IBAD, em Pindamonhangaba. Eu queria me casar, ser mãe, escrever um livro e ganhar um prêmio Esso. Queria também impactar o mundo com a mensagem do Evangelho e disseminar o bom perfume de Jesus. Queria ser âncora do Jornal Hoje e cobrir a copa de 2014. Queria ter condições financeiras suficientes para dar à minha mãe tudo de bom que o dinheiro pode comprar e ao meu pai uma fazenda, como ele sempre sonhou. No final do dia, ao vê-lo chegar do trabalho, todo sujinho, eu pedia a Deus para que aquela cena não se repetisse mais e chegou o momento em que meu desejo foi atendido...
No dia 16 de março de 2011 ele saiu da fazenda, mas não chegou em casa. Ele disse pra minha mãe que não viria, meu Deus...
Eu só queria poder tirá-lo daquele trabalho que o desgastava tanto e oferecer a ele tudo que merecia. "O véim tá cansado, gente"...
Eu daria TUDO, TUDO mesmo, pra vê-lo mais uma vez entrar pelo portão com a DT, com aparência cansada e um sorriso no rosto, com a roupinha suja e a consciência limpa pela certeza de que aquela era a forma de lutar pela família.
Ele não chegou...
Um acidente. Foi tudo o que soube no primeiro momento. Que acidente? Como? Onde?
Nada do que disseram foi suficiente pra me convencer sobre o fato. Eu repetia pra mim mesma: "é só um acidente, Muriele. Cadê sua confiança em Deus"?
Lembro-me que no dia da tragédia eu conversei com a Lidi, mais cedo, e disse a ela que havia sonhado com morte. No meu sonho (pesadelo), quem morria era a Rana. Acordei desesperada e entrei em contato com ela. Ao saber que estava bem, tentei esquecer o assunto, mas me lembro bem de ter dito à Lidi que eu tinha CERTEZA que uma pessoa ligada a mim iria morrer, porque isso SEMPRE acontece quando sonho com morte. As palavras que ouvi no sonho se repetiram na minha cabeça durante todo o dia... "Faleceu em nossa cidade Ranayan Campos Isidoro"... E eu chorei com a possibilidade de ficar sem a Raninha.
Um dia antes, outro sonho. Neste, minha pastora dava a luz à Rebeca e havia muita alegria. Mas, de repente, todos olhavam pra mim com semblante muito triste, como se estivessem compadecidos da minha dor. Cogitei a idéia que Deus levaria a Rebequinha, mas orei para que isso não acontecesse.
Sonhos à parte, começou o pesadelo real...
Cheguei da faculdade às 10:15 da noite e quem me recebeu na garagem foi o João Neto, pra me dar a notícia. "Mentira, Neto. Pára com isso. É mentira"... Foi minha primeira reação.
Entrei para o meu quarto e tentei orar, para que Deus fosse até o local do acidente e fizesse algo em favor do meu pai, o livrando da morte. Mas Deus já estava lá e nada poderia ser feito. Não consegui orar. As palavras simplesmente fugiram. "Eu te amo, Senhor. Te amo mesmo, de verdade. Te amo, Deus meu, te amo"... Foi a única coisa que consegui verbalizar. 
Pior viagem da minha vida foi a de Rio Verde a Acreúna naquele dia. Ao chegar em casa, a constatação. Meu Deus, quantas pessoas na porta, tomando a esquina, as calçadas! Será que era mesmo verdade?
Ao abraçar minha mãe, ela só conseguiu me dizer: "Minha filha, ele não vai mais entrar com você na igreja". Fui obrigada a acreditar que era verdade.
As horas que se seguiram foram terríveis e eu juro, juro mesmo, que esperei a noite toda por alguém que chegaria na minha casa e diria que não passou de um susto e que ele estava bem, no hospital. Mas ninguém veio.
No outro dia, ao sair de casa para resolver os trâmites na funerária (como dói dizer isso), recebi uma mensagem do meu Pastor. "Estou indo buscar a Rebeca no hospital. Nasceu"! Me lembrei do sonho... A alegria pelo nascimento da nossa princesa e a tristeza pelo que eu estava passando.
Mais tarde me lembrei do outro sonho, quando, debruçada sobre o caixão, ouvi passar um carro de som... "Faleceu em nossa cidade Lucivaldo Ramos da Silva, conhecido como Xingu"...
Já não sei se tenho sonhos, projetos e esperança de dias melhores. Minhas paixões foram enterradas com ele e agora eu só quero que Jesus volte logo pra nos buscar, porque no céu não haverá mais pranto.

"Mas era assim que tinha que ser. Escrito estava".