Já
não nos falamos há seis meses e devo confessar que não tive tempo de sentir sua
falta... Perdoe-me pelo ímpeto sincericida, mas precisamos discutir nossa
relação com certa urgência, porque não somos mais os mesmos. Desde que nos conhecemos,
você tem sido um ótimo ombro amigo, sobre o qual depositei minhas lástimas e
temores. Mas agora é diferente...
Me
preocupei outro dia quando um amigo me disse algo. “Quando quero saber como
você está, visito seu blog”. Sim, querido blog, você é meu porta-voz (letra)...
Uma espécie de termômetro do meu estado de espírito. Por isso, preciso gritar
(escrever) aos quatro cantos como estou bem. Sei que ando em falta contigo,
pelo fato de tê-lo usado como muro das lamentações e não ter voltado pra contar
que as lágrimas cessaram.
Nos
últimos meses, muitas coisas aconteceram. Algumas das datas mais importantes da
minha vida passaram sem que eu pudesse postar aqui um relatório pra te deixar a
par das novidades, como, por exemplo, minha formatura no curso de Jornalismo e
o casamento da Lidizinhaminhavida. Sim! Não se assuste... Sou jornalista e a
Lidi é uma senhora agora (além de ser jornalista também, claro).
O
pequeno príncipe Otávio completou seu primeiro aninho e esse fato marcou uma
nova etapa da minha vida. Você sabe que ele foi minha válvula de escape quando
tudo aconteceu... E por falar nisso, tenho uma GRANDE NOVIDADE. Não estou mais
de luto, querido diário. A saudade e o amor não vão acabar, mas o luto foi
embora assim que me deixei entregar a um sentimento puro e verdadeiro, o qual
me curou, libertou, vivificou. O amor do homem da minha vida me fez ver que
ainda posso (e vou) ser muito feliz, ser inteira, ser completa. O meu príncipe
(o grande) me tirou da escuridão das lástimas. Hoje eu sou, definitivamente,
outra pessoa.
Permita-me
contar como a mudança foi efetivada. Dia 16 de março de 2012... Um ano. Data
temida, rejeitada pelo meu coração. Se eu não tivesse o Alysson, o cuidado e o
amor dele, não sei se sobreviveria. Mas Deus conhece meus limites e tratou de
cuidar de todos os detalhes.
Hoje,
quase sete meses depois, consigo ainda me lembrar perfeitamente daquele
fatídico dia. Minha mãe entrou em crise... Se abraçou às roupas que sobraram e
chorou compulsivamente, ouvindo “O Escudo” durante todo o dia. Minha irmã se
isolou no quarto e sofreu à sua maneira. Eu já não suportava a tristeza que
notoriamente pairava ali. Em um instante de fraqueza (ou de força, não sei),
tomei a estrada e fui pra Acreúna, sozinha e sem contar nada a ninguém.
Voltei
ao local do acidente e lá permaneci por algum tempo, chorando e desabafando com
Deus. Foi um dos momentos mais difíceis da minha vida... Confrontei a cruz, os
dizeres gravados e o bendito (maldito) dia 16. Ali, querido diário, rasguei meu
coração e sepultei meu pai, de uma vez por todas. Já fazia um ano e ele
permanecia vivo em mim, mais vivo que eu mesma. Pensava nele e chorava todos os
dias (sem exceção) desde que tudo aconteceu. Devo esclarecer que não se trata
do sepultamento do esquecimento. Ele jamais será esquecido. É o sepultamento da
entrega. Entreguei o corpo, a alma e o espírito dele a Deus, como deveria ter
feito há muito tempo. Tinha que fazer isso. Tinha que aceitar que ele estava
morto. É... Essa é a palavra, que até então eu não conseguia pronunciar... Meu
pai estava, está e estará morto pra essa vida. Pela primeira vez, voltei ao
cemitério e me certifiquei da verdade que buscava esconder de mim mesma... O túmulo
dele estava lá. O consolo naquele momento foi a certeza de que sua alma
descansa no Papai do Céu.
No
mesmo dia em que sepultei um pai, ressuscitei outro... Aquele que o Senhor
escolheu pra ser o meu, aquele de quem herdei tantas coisas, física e
pessoalmente falando. Meu pai Cairo, com quem tinha um relacionamento
conflituoso até então, passou a fazer parte da minha vida, de fato, desde
aquele dia. Eu errei muito com ele, o magoei, me fiz de vítima, ainda que
inconscientemente. Fui confrontada ao ouvir a verdade sobre mim mesma e cresci,
aprendi e abracei minha nova família (meus irmãos, a quem tanto amo, meu pai,
minha madrasta)... Eles são bênçãos na minha vida, são parte de mim, são minha
história, meu testemunho. Hoje sou feliz em tê-los na minha vida, como deveria
ser.
É...
As coisas estão se acertando. Hoje eu sou mais forte, mais madura. Hoje eu vejo
beleza na vida, como via antes. Acredito de novo na felicidade, na plenitude, na
completude. O ano de 2012 tem sido incrível. A propósito, acabei de realizar mais
um sonho. Apesar de tê-lo abandonado por um tempo, querido diário, parei um
pouquinho a minha agitada rotina com a volta ao trabalho após uma viagem
internacional pra te contar as novidades. Sim, internacional. Visitei Paris,
Bruxelas e Amsterdam. Viagem linda e inesquecível, porém incompleta, pela
ausência do meu amor, que, aliás, tornou-se tão meu que é insuportável pensar
em não tê-lo por perto. Em Paris (sozinha, infelizmente), comemorei nosso aniversário
de sete meses de namoro e foi impossível não associar o número à perfeição de
Deus.
Aqui
está um relatório dos últimos meses. Estou surpresa pelo fato de ter conseguido
resumir graciosamente minha vida em poucas linhas. Quando conseguir reorganizar
meus horários e atividades, posso dar detalhes a respeito de alguns
acontecimentos importantes, como minha formatura, por exemplo, que foi
inesquecível. Posso falar minuciosamente também sobre o casamento da Lidi.
Sobre a viagem então... Posso escrever um livro. Posso... Tá bem. Vou parar por
aqui. Foi bom falar contigo. Mando notícias assim que possível. Trouxe um
teclado novo de Paris pra você, tá bem?
Sua amiga, Muriele.
Mil Felicidades Pra Vc Lindaa!! *.*
ResponderExcluirParabéns Por Todas Suas Conquistas!!
Te Admiro pra Caramba Muri!!
Abraços!!
Poxa, muito obrigada pelo carinho, gatinha.
ResponderExcluirDeus te abençoe sobremaneira. Abraço forte!